Impactos dos veículos autônomos na escolha de áreas para desenvolvimento imobiliário

A Mega-tendencia [EB1]  dos veículos autônomos [EB2] é uma das realidades mais aguardadas pela minha geração, e o rápido avanço técnico e econômico das Inteligências Artificiais [EB3] está antecipando esta realidade. Existem vários níveis de autonomias previstas para veículos que dirigem sozinhos, uma das representações mais populares distinguem em 6 etapas de amadurecimento – atualmente os veículos mais modernos estão acerca do nível 2.

Nesse texto, abordo a forma usual que definimos locais para alocação de recursos para investimento imobiliários e desenvolvimento de nossos empreendimentos. Em seguida, comento sobre possíveis capacidades dos veículos autonômicos e como isso impacta na mobilidade urbana. Finalmente, esboço hipóteses de como essas novas formas de locomoção afetam o local de uso (residência/trabalho) de nossa sociedade no futuro de médio/longo prazo.

Definir regiões para investimentos imobiliários é um exercício que deve ser empenhado periodicamente. De modo geral, é adotado alguns indicadores antecedentes, coincidentes e retardados com foco em várias disciplinas. Destaco abaixo algumas:

– Taxa de crescimento demográfico, pirâmide etária, taxa de emplacamento de veículos, idade média dos veículos, tipos de veículos mais populares, modal de transporte mais usados, evolução da mancha urbana ao longo dos anos.

– Diversidade e distribuição da matriz econômica, renda média das famílias, idade média das pessoas em idade economicamente ativas, movimento pendular entre cidades vizinhas

– Diversidade e distribuição entre os modais de transporte, presença de equipamentos de infraestrutura como portos, aeroportos, terminais rodoviários, ferroviários.

– Investimentos públicos em parques, pontes, rodovias, escolas, etc. mudanças no Plano Diretor e permissividade construtivas

Em resumo, frequentemente identificamos cidades que vão apresentar grande valorização imobiliária pela proximidade desta a cidades que já valorizaram. Identificamos cidades com vias de transporte ligadas a outra cidades mais economicamente ativas e para onde o crescimento vai “extravasar” uma vez que o adensamento urbano ou os preços tornem mais atraente o deslocamento do que se estabelecer nas “cidades grandes” vizinhas.

São nesses deslocamentos que aos veículos autônomos vão ter efeito. São nessas vias de transporte e nessa proximidade entre cidades que veículos autônomos vão mudar a perspectiva das pessoas e, por consequência, suas decisões de onde se estabelecer. Veremos a seguir algumas formas em que o implemento de veículos autônomos mudarão nossa percepção do que é “perto” ou “longe”, do que é de “fácil acesso” ou “impossível de chegar”, a segurança no trânsito.

O primeiro ponto que quero destacar é justamente com relação à segurança. Ainda não atingimos níveis de autonomia em nossos veículos suficientes para eliminar a atenção e responsabilidade de seus motoristas humanos. No estado atual da tecnologia, pessoas se isentando da direção é perigoso. A seguir, quero elevar a conversa para um patamar em que a autonomia seja plena e segura[EB4] .

Em um carro auto dirigível seguro, pais podem confiar que seus filhos crianças façam o transporte entre casa/escola. Novas famílias podem optar em residir mais distante de boas escolas, já que a laboriosa tarefa de transportar os pequenos logo cedo de manhã já está coberta pelo carro-robô.

Na outra ponta do espectro, estudos mostram [EB5] que idosos são desproporcionalmente mais envolvidos em acidentes de trânsito (dentro e fora dos carros). Entrar em uma baliza apertada ou sair de uma vaga de ré exige deles mais do que a movimentação limitada de seus corpos permitem. Também é desafiador para muitos identificar em movimento, a direção e sentido de uma sirene também em movimento. Carros autônomos vão mudar a maneira como idosos utilizam espaços públicos, dando-lhes mais opções, mesmo a distância mais longas.

Carros autônomos compartilharão, em sua mente de colmeia[EB6] , as localizações se as intenções de deslocamento de todos os veículos, informação suficiente para identificar momento sem engarrafamento ou traçar rotas onde não há trânsito. O tempo de resposta a semáforos abrindo e fechando, e a frenagem de outros veículos ajudarão a fazer viagens mais rápidas para todos. O próprio uso de semáforos, da forma que muito vemos, é de questionável necessidade – é muito provável que teremos bem menos semáforos em nossos amontoados urbanos.

Falando em rapidez, nunca mais ficaremos minutos ou horas rodando procurando vagas para estacionar. Ficaremos em nosso local de destino enquanto o carro se vira para encontrar vaga e estacionar sozinho. Ou ainda, nem seja para um estacionamento que ele esteja seguindo, pois carros robôs estarão frequentemente pegando passageiros como motoristas “Uber” 24h por dia. O modo como destinamos espaços para vaga de veículos estacionar em nossas ruas e nossas edificações vai mudar.

Pensando também na logística de cargas, centros de distribuição poderão se situar de forma mais concentrados, uma vez que seus caminhões-robôs viajam 24h por dia e em estradas com limites de velocidades maiores, de forma que seus clientes terão suas encomendas ainda mais cedo do que as teriam caso seus centros de distribuições fossem no centro da cidade.

Chegando em minhas considerações finais, quero deixar um coletivo de palpites para o nosso futuro imobiliário. Distâncias entre núcleos urbanos e subúrbios aparentarão encurtar, e o subúrbio se tornará mais desejado. Cidades vizinhas com malha viária a cidades consolidadas se valorizarão. Nossos idosos viverão mais, e nossas edificações haverão de estar preparadas para esse público. O licenciamento de garagens em nossos prédios se tornarão menos restritivos, possibilitando mais residencias e comércios. Entre outros impactos[EB7] .

Nos já confiamos grande parte de nossas viagens aéreas aos pilotos automáticos dos aviões. Controversas éticas e jurídicas, manutenção de vias e especificidades em regras de trânsito são assuntos ainda a serem lidados para o caso de carros robô. Essas são ótimas discuções, me acompanhe para lê-las no futuro. Daqui a algumas décadas esses desafios serão coisa do passado, assim como serão as Organizações que não se adaptarem ao novo ambiente construtivo[EB8] .


[EB1]https://www.economist.com/special-report/2023/04/14/hands-off-the-wheel

[EB2]https://www.mckinsey.com/industries/automotive-and-assembly/our-insights/autonomous-drivings-future-convenient-and-connected

[EB3]https://www.mckinsey.com/capabilities/strategy-and-corporate-finance/our-insights/driving-innovation-with-generative-ai

[EB4]https://waymo.com/safety/

[EB5]https://www.iihs.org/topics/fatality-statistics/detail/state-by-state

[EB6]https://en.wikipedia.org/wiki/Hive_mind

[EB7]https://linktr.ee/engpedrobasso

[EB8]https://www.arup.com/-/media/arup/files/publications/t/the-built-environment-report-2022-23.pdf

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Pedro Basso

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